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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O que desejamos?



Por mais que não saibamos, desejamos vir ao mundo. Quando crianças, desejamos muitos brinquedos e menos roupas, desejamos também amiguinhos legais com quem brincar. Desta forma, crescemos e chega a época em que passamos a freqüentar a escola, então desejamos aprender a ler, quando isso ocorre saímos mundo a fora lendo absolutamente tudo que encontramos.
O tempo passa ainda mais e a nossa idade não é esperada por um relógio, então vamos envelhecendo; na adolescência somos loucos por liberdade, desejamos que o mundo cale-se às nossas insanidades, é nessa época da vida que desejamos roupas novas e modernas, dinheiro, uma grande paixão, baladas e viver como se não fossemos acordar na manhã seguinte...
O auge dessa época passa para alguns e fica para outros tantos, mas ao passar chega aquela enorme vontade e necessidade de uma realização profissional, o desejo de cursar administração na faculdade para ter um diploma, por que os pais querem ou mesmo por amor alguns casos... Vamos nos tornando ainda mais velhos e desejamos a família, a casa própria, os filhos...
O tempo não pára, e muito pelo contrário, ele até parece correr ao invés de passar. Quando menos percebemos chegamos a tal da "terceira idade" e temos o desejo de sermos bons, não dar trabalho e nem incomodar os outros. E assim vamos desejando até o último dia de nossas vidas...
Nascemos de um desejo e morremos com desejos, e isso só torna evidente o quanto somos seres que sempre querem mais, e isso não é pecado algum, desejar é saudável o que não é, é desejar e nada fazer para alcançar, em outras palavras, esperar que caia do céu, e ao menos lembramos que com exceção de chuva e avião nada cai de lá !

Mas, todo esse papo me despertou uma dúvida... E depois que conquistarmos tudo aquilo que sempre almejamos, quando conseguirmos o sucesso profissional, uma família linda, o carro dos sonhos, a casa na praia, aquela viagem a Fernando de Noronha... e depois de tudo isso o que vamos desejar?

BC.

"Saiba todo mundo foi neném..."

Este post é sobre o conto "Primeiro Contato" de Luiz Bras, em seu livro "Paraíso Líquido". O título é um trecho da música "Saiba" de Arnaldo Antunes, grande escritor brasileiro, afinal trataremos nas linhas que seguem sobre o universo vasto e lúdico de nossos pequeninos!


Crianças, proteção e o universo

As crianças possuem uma grande e nata capacidade de poetizar a vida. O conto, Primeiro Contato, trata exatamente da fertilidade na mente de Tiago, um menino cujo o universo lúdico transcende o real, transformando concretas sintuações na mais pura fantasia. Preocupar-se com o universo infantil é um aspecto visível no início do conto, no entanto, o autor utiliza-se deste fator para tecer uma crítica/ exposição acerca de uma problemática recorrente: A proteção para com a infância.
No conto o personagem Turco, um jovem mais velho, aproveita-se da ingenuidade das crianças para fazer com que elas acreditem num suposto alienígena, situação armada pelo jovem e seu irmão na intenção de arrancar dinheiro dos pequenos (Tiago e seus amigos, que estavam em sua festa). O tal alienígena é uma criança de nacionalidade asiática que fora pega pelos maiores e caracterizada para parecer um extraterrestre.
Atribuir a uma criança a função de protagonizar, pode ter sido um modo de alertar os adultos na sociedade contemporânea ao fato de que há falta de diálogo (orientação) para com seus filhos e/ou dependentes. Além disso, traz à tona uma ideia de esteriótipos que podem ser quebrados com o auxílio de um adulto responsável ou alimentados pelas ações de pessoas mal intencionadas.
É de responsabilidade dos pais e/ou responsáveis cuidar para manter a criança bem informada, atenta ao mundo que lhe circunda, afinal, sua mente sem malícia pode levá-la aos mais perigosos "abismos". A questão de abandonar a criança em seu próprio mundo é o que mais deveria chocar! O fato da perda de contato físico com um adulto torna o professor o primeiro " gente grande" na vida desse pequeno indivíduo, o que não deveria ocorrer, considerando que a criança necessita de um referencial adulto para construir suas estruturas futuras.
O conto é um misto de ilusão e realidade. Tiago, descobre a seu modo, toda a armação; seu avô falece, no entanto, mesmo decepcionado com os fatos desencadeados o menino utiliza-se de fantasia, mais uma vez, voltando a sua condição de criança poetizando, portanto, a vida... a sua vida!
O mundo, atualmente, é marcado pela impaciência. A família virou FAST, tudo é muito acelerado, mas quem disse que o prático é necessariamente o correto? Queremos ganhar tempo, mas para quê? Com toda essa correria estamos sem tempo até mesmo para a morte, e as crianças vão ficando à míngua de conceitos importantes e por consequência crescem adultos no "piloto automático" e repetem os mesmos enganos.
É preciso que todos pensem nas atidudes em relação às crianças, para isto, não há receitas ou fórmulas do sucesso basta com que cada um haja com inteligência e altruísmo para com os pequeninos.
BC.