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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

"Saiba todo mundo foi neném..."

Este post é sobre o conto "Primeiro Contato" de Luiz Bras, em seu livro "Paraíso Líquido". O título é um trecho da música "Saiba" de Arnaldo Antunes, grande escritor brasileiro, afinal trataremos nas linhas que seguem sobre o universo vasto e lúdico de nossos pequeninos!


Crianças, proteção e o universo

As crianças possuem uma grande e nata capacidade de poetizar a vida. O conto, Primeiro Contato, trata exatamente da fertilidade na mente de Tiago, um menino cujo o universo lúdico transcende o real, transformando concretas sintuações na mais pura fantasia. Preocupar-se com o universo infantil é um aspecto visível no início do conto, no entanto, o autor utiliza-se deste fator para tecer uma crítica/ exposição acerca de uma problemática recorrente: A proteção para com a infância.
No conto o personagem Turco, um jovem mais velho, aproveita-se da ingenuidade das crianças para fazer com que elas acreditem num suposto alienígena, situação armada pelo jovem e seu irmão na intenção de arrancar dinheiro dos pequenos (Tiago e seus amigos, que estavam em sua festa). O tal alienígena é uma criança de nacionalidade asiática que fora pega pelos maiores e caracterizada para parecer um extraterrestre.
Atribuir a uma criança a função de protagonizar, pode ter sido um modo de alertar os adultos na sociedade contemporânea ao fato de que há falta de diálogo (orientação) para com seus filhos e/ou dependentes. Além disso, traz à tona uma ideia de esteriótipos que podem ser quebrados com o auxílio de um adulto responsável ou alimentados pelas ações de pessoas mal intencionadas.
É de responsabilidade dos pais e/ou responsáveis cuidar para manter a criança bem informada, atenta ao mundo que lhe circunda, afinal, sua mente sem malícia pode levá-la aos mais perigosos "abismos". A questão de abandonar a criança em seu próprio mundo é o que mais deveria chocar! O fato da perda de contato físico com um adulto torna o professor o primeiro " gente grande" na vida desse pequeno indivíduo, o que não deveria ocorrer, considerando que a criança necessita de um referencial adulto para construir suas estruturas futuras.
O conto é um misto de ilusão e realidade. Tiago, descobre a seu modo, toda a armação; seu avô falece, no entanto, mesmo decepcionado com os fatos desencadeados o menino utiliza-se de fantasia, mais uma vez, voltando a sua condição de criança poetizando, portanto, a vida... a sua vida!
O mundo, atualmente, é marcado pela impaciência. A família virou FAST, tudo é muito acelerado, mas quem disse que o prático é necessariamente o correto? Queremos ganhar tempo, mas para quê? Com toda essa correria estamos sem tempo até mesmo para a morte, e as crianças vão ficando à míngua de conceitos importantes e por consequência crescem adultos no "piloto automático" e repetem os mesmos enganos.
É preciso que todos pensem nas atidudes em relação às crianças, para isto, não há receitas ou fórmulas do sucesso basta com que cada um haja com inteligência e altruísmo para com os pequeninos.
BC.

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