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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Há Vagas!

Este texto foi uma Parceria Literária entre dois bons amigos, eu que lhes escrevo e Thiago Félix, autor de "Multiplicidade de um ser contrário". Espero que apreciem nossas metáforas e analogias...


Há muitas formas de se enxergar o coração, como um mero músculo que bombeia sangue, ou que bate involuntariamente mais forte por alguém, mas sejamos mais metafóricos... observemos o coração como uma casa, melhor, uma pensão; isso mesmo, uma pensão! Com seus moradores, quartos e tudo mais que se possa imaginar que há por lá. Como toda pensão, mesmo que nova no mercado, há hospedes de tudo quanto é jeito!. Imagine que estes moradores são sentimentos, mas defina qual sentimento predomina. O amor? o ódio? a alegria? tristeza? rancor? a inveja? olhe para si e certifique-se de quem domina este seu território!
Minha pensão é bem modesta, mas com bastantes quartos, uma extensa sala de visita, lugares escondidos (ATÉ EU ME CONFUNDO PARA CHEGAR NELES). A cliente principal chama-se Alegria, mas logo aviso, ela as vezes viaja e deixa o território livre para outros sentimentos.Na verdade ela sai pelo mundo para ver as novidades de outras pensões e me traz para que eu melhore a minha! A "Alegria é muito alto astral", no entanto, quase sempre, ela recebe a visita de uma amiga antiga, a sempre esperta Tristeza, esta sempre observa de fora o movimento, com sua astúcia, na primeira oportunidade chega surpreendendo, entrando sem nem pedir licença. Abusada! Amizade é assim mesmo, elas são muito diferentes mas se gostam...
Tem uma moradora que é quase "vip" em minha humilde pousada, ela é a mais velha de todos os outros hóspedes, a Senhora Dúvida (ela gosta de ser chamada assim), e frequentemente digo: "Oh, Dúvida cruel" só para tirar um sarro da cara dela... Ah, o melhor amigo da senhora Dúvida é o Senhor Medo, um velhinho que tem síndrome do pânico, quando eles se juntam, sai de baixo, aí vem uma dose grande de incertezas e insegurança.
O ideal para manter nossa pensão nos padrões do mercado seria receber os mais diferentes hóspedes. Mas é importante definir quem tomará conta do negócio, pois é inevitável que venham de fora moradores absolutamente novos, dos quais nem sabíamos existir no mundo. Farei com que a Alegria seja a gerente, afinal, o fato dela conhecer outras pensões auxilia bastante na lida com alguns problemas. Você deve ter se perguntado, a Alegria não é a que viaja sempre? Pois é, já havia pensado nisso, certa vez, ela me indicou um amigo dela que faz "bicos" em pensões do mundo todo (o cara fala vários idiomas; se relaciona muito bem com crianças, jovens, idosos; é doce; servil; pelo visto É O CARA!) era Amor o nome dele se não me engano, vou pedir que ele me mande um currículo, quem sabe!? Assim terei um funcionário a mais!(ele e a Alegria são amigos de longa data, tomara que ele seja tudo isso).
É necessário contratar uma equipe de limpeza, as faxinas são necessárias. Lavar as janelas, para que os hóspedes vejam com maior clareza o mundo lá fora; tirar a poeira da estante de livros, esses danados que mais se parecem com crianças inocentes contando várias histórias. Os livros me fazem recordar... decepções, momentos ruins, viagens, amigos, no entanto, é fundamental que eles estejam finalizados, assim poderão ser lidos por uma questão cultural, quando ainda causam muita dor, pela história que contam, é melhor que fiquem em seu lugar, na estante.
Tire as teias de aranha que o medo e a dúvida deixam. Diga à tristeza que ela até pode dormir em sua pensão, passar alguns dias talvez, mas não deve fixar moradia. Abra as janelas do seu coração, deixe os raios do sol penetrar os vidros de sua sala, trazendo com ele a certeza de que dias melhores virão.
Quando a chuva cair, deixe que ela molhe seu jardim para que ele floresça e consigo traga a certeza de que a vida é bela e deve sim, ser vivida intensamente e com amor.
Aliás, falando em amor, acredito que este deva ser o dono desta pensão. Sim, ele é que deve estar atento a todos estes sentimentos, mesmo os que ele aparentemente não tem nenhuma relação. Mas, independente de suas escolhas, de seus sentimentos predominantes, não se deixe tomar pelo vazio, pela escuridão, mantenha sempre acesa a lareira do amor. Procure inclusive passar este calor aos seus vizinhos, há muitas pensões/corações mundo a fora precisando apenas de um copo de açucar para adoçar a vida. Distribua aos seus próximos as flores do seu jardim, suas alegrias. Não permita que a inveja fique de olho na grama do vizinho, esta sim deve ser mantida sempre do portão pra fora, junto com o rancor, ódio e companhia. Mas se por um descuido eles invadirem sua pensão trate de colocá-los para fora imeditamente e não se culpe. Afinal, pra ser humano é necessário ter em si, sentir na pele, receber a visita de todos os sentimentos que rondam o coração de um verdadeiro ser.